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Metafísica y Persona. Filosofía, conocimiento y vida
Año 14, Núm. 27, Enero-Junio, 2022, ISSN: 2007-9699
Os movimentos metafísicos da Filosoa
Portuguesa Contemporânea
The Metaphysical Movements of Portuguese Contemporary Philosophy

1
Universidade Católica Portuguesa. Lisboa, Portugal
sdimas@ucp.pt
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sua teoria da saudade e na tradicional relação umbilical com a literatura e a teologia, nomea-
damente, na forma poética e na expressão mística ou espiritual. Assumindo a íntima união
-
guesa está centrada nas noções de Mistério e Excesso e procura uma incessante superação

vias fundamentais: a metafísica da cisão e da restauração fundada no pantiteísmo emanatista
da união divina impessoal; a metafísica da queda e da redenção, fundada no teísmo da união
divina pessoal; a metafísica da criação e da manifestação, fundada no teísmo criacionista da

Palavras Chave:

This article aims to identify in contemporary Portuguese thought its main metaphys-
ical currents and the philosophers associated with them. It also seeks to characterize the
-
ory of melancholy and the traditional umbilical relationship with literature and theology,
namely, in its poetic form and in its mystical or spiritual expression. Assuming the inti-
mate union between reason and emotion, reason and faith, understanding and experience,
Portuguese metaphysics is centered on the notions of Mystery and Excess and seeks an in-
cessant overcoming of pantheistic monisms and deistic dualisms. The result is translated
1

Rf.ª UIDB /00683/ 2020, FCT

Scopus Author ID: 57189442827
Recepción del original: 22/11/2021

Metafísica y persona. Filosofía, conocimiento y vida
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into the assumption of three fundamental paths: the metaphysics of split and restoration

fall and redemption, founded on the theism of personal divine union; the metaphysics of
creation and manifestation, founded on the creationist theism of immanent transcendence

Keywords: metaphysics, Portuguese philosophy, pantheism, theism
Introdução: os movimentos da Filosoa Portuguesa
contemporânea, no desígnio comum da relação entre
losoa e teologia, ciência e religião
-

-

-
tafísica da saudade, seja no sentido circular panenteísta grego, seja no senti-

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2


3
traduzida pela
imagética de regresso ao paraíso terreal ou celestial.
  -
cença Portuguesa, embora fundado numa reflexão metafísica de alcance

religião e a teologia, não se reduz ao saudosismo de Pascoaes ou ao cria-
cionismo de Leonardo Coimbra, acolhendo diversas perspetivas filosófi-
cas, teológicas, estéticas, pedagógicas e políticas e hospedando diversas
gerações de pensadores com propostas metafísicas distintas.
4
Assim, a
-
distante [...] do catolicismo ortodoxo e do ensino das instituições pú-

5
apenas se compreende no sentido em que dá legitimidade ao
2
,
Summa contra Gentiles, liber. III, cap. 57, Madrid: BAC, 2007, p. 214
3
Cf.  O Ser e os Seres: Itinerários Filosócos, vol. I, Lisboa,
Editorial Verbo, 2004, p. 494.
4
Cf. 
Bruno Béu de Carvalho (org.), A Renascença Portuguesa, Tensões e Divergências, Lisboa: Centro

5

Lusitana Sacra, 2ª série, num. 12, 2000, p. 343.
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Os movimientos metafísicos da Filosoa Portuguesa Contemporânea
pensamento livre das tertúlias filosóficas de café e promove a criação de
saberes inéditos e heterodoxos, não se limitando a um historicismo ou a
uma repetição de correntes e autores importados das escolas grega, me-
dieval, alemã, inglesa, espanhola ou francesa.
1. O movimento losóco da Escola Portuense, de
inspiração pantiteísta sob o magistério de Sampaio Bruno
e José Marinho e de inspiração teísta judaico-cristã sob o
magistério de Leonardo Coimbra e Álvaro Ribeiro

da Escola de Madrid, tem início no século XIX em autores como Amorim
Viana (1822-1901), Guerra Junqueiro (1850-1923), Basílio Teles (1856-1923),
Sampaio Bruno (1857-1915) e Teixeira de Pascoaes (1877-1952), sendo depois
consolidado e desenvolvido em torno da primeira Faculdade de Letras da
Universidade do Porto (1919-1928) por Leonardo Coimbra (1883-1936) e por
muitos colaboradores próximos, como Teixeira Rego (1881-1934), Jaime Cor-

Mendes Correia (1888-1960), Aarão de Lacerda (1890-1947), Eugénio Ares-
ta (1891-1956), Newton de Macedo (1894-1944), Sant’Anna Dionísio (1902-

(1907-1966) e Augusto Saraiva (1900-1975).
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sua situação através de vias racionalistas e espiritualistas, como a teoria da sau-
dade, por oposição às perspetivas positivistas e materialistas. Neste processo
emerge uma racionalidade própria a partir da qual dialogamos no contexto do
pensamento universal: trata-se da racionalidade enigmática ou aporética, mis-
-
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mas o mistério da Vida na sua fundamentação ontológica. É uma racionalidade
mistérica, porque reconhece o mistério do Ser e o seu excesso na relação de
constituição ontológica e de desenvolvimento gnosiológico: a luz meridiana
da razão lógico-analítica é precedida pela luz crepuscular e auroral da razão
poética e cordial que experiencia o fundamento inefável de ser.
Este projeto cultural da Renascença Portuguesa e do seu órgão A Águia -
revista quinzenal ilustrada de literatura e crítica (1910-1932), que levantara voo
no Porto sob o impulso inicial de Teixeira de Pascoaes e de Leonardo Coim-
Metafísica y persona. Filosofía, conocimiento y vida
Año 14, Núm. 27, Enero-Junio, 2022, ISSN: 2007-9699
48

grupos distintos que desenvolvem em Lisboa uma importante atividade cul-
tural: a) o grupo da revista Seara Nova (1921-1984), que, sob a liderança inicial
de pensadores como Raul Proença (1884-1941), Jaime Cortesão e António Sér-

de Figueiredo (1888-1967), Vieira de Almeida (1888-1962), Abel Salazar (1889-
1946) Joaquim de Carvalho (1892-1958), Adolfo Casais Monteiro (1908-1972),

um espírito anti-saudosista, progressista e liberal com objetivos políticos bem

b) na continuidade da Renascença     
Portuguesa, que, através do Movimento 57 e do seu órgão Jornal 57 Folha In-
dependente de Cultura (1957-1962), sob a liderança de António Quadros (1923-

e espiritual da Renascença sob o magistério de José Marinho (1904-1975) e

em cafés de Lisboa.
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
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no e Manuel Ferreira Patrício. Desenvolve um trabalho cultural que procura
preservar a identidade nacional, sem negar o diálogo com outras culturas,
dando continuidade a novos projetos como a Dionysos: revista mensal de phi-
losophia, sciencia e arte (1912-1928), de Aarão de Lacerda (1863-1921); o Jornal
57, dirigido por António Quadros; a revista Acto (1951-1952), dirigida por
Revista Espiral – Cadernos de Cultu-
ra (1964-1966), de António Quadros (1923-1993) e António Braz Teixeira; a
revista Escola Formal (1977-1978) dirigida por Afonso Botelho (1919-1998) e
 Nova RenascençaRevista trimestral de cultura (1980-1999),
dirigida por José Augusto Seabra; a Leonardo Revista de Filosoa Portuguesa
(1988-1989), sob a direção de Francisco Moraes Sarmento e a revista Teoremas
de Filosoa – Caderno Semestral de Filosoa Portuguesa (200-2005), sob a direção
de Joaquim Domingues e de Pedro Sinde.
Como manifestação maior do legado da Escola Portuense, devemos refe-

impulso de Afonso Botelho, Francisco da Gama Caeiro, António Braz Teixei-
ra, José Esteves Pereira, Eduardo Abranches de Soveral, Manuel Ferreira Pa-
trício, Leonel Ribeiro dos Santos, Alexandre Fradique Morujão, Paulo Borges
-
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49
Os movimientos metafísicos da Filosoa Portuguesa Contemporânea
foi alargado ao Brasil recuperando pontes anteriormente lançadas por Agos-
tinho da Silva, Eudoro de Sousa (1911-1987) e João Ferreira. No seu seio nasce
o projeto da Nova Águia – Revista de Cultura para o século XXI, com início em

com ele a fundação, em 2010, do MIL: Movimento Internacional Lusófono,
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rais entre os países e regiões do espaço lusófono.
Em parceria com o Instituto, que teve a missão de continuar a aproxi-

na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, desenvolvem-se mui-
tas iniciativas de investigação com diferentes instituições lusófonas, de que
destacamos para já: a) o Centro Regional do Porto da Universidade Católica
-

Acácio de Castro, Maria Manuela Brito Martins, José Pedro Angélico e José
Rui Teixeira; b) a sede da UCP em Lisboa com os Centros CLCPB – Centro de
Literatura e Cultura Portuguesa e Brasileira, sob a coordenação de Manuel
-

Gonçalves, Carlos Silva, Artur Mourão, Maria de Lourdes Sirgado Ganho,
Mendo Castro Henriques, Joaquim Cardozo Duarte, Américo Pereira, Carlos

de Letras da Universidade de Porto, que, para além do trabalho realizado por
-

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desenvolve na última década, ainda sob o magistério de Eduardo Abranches
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      
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e os pensadores Paulo Borges, Pedro Calafate, Leonel Ribeiro dos Santos,
-
dro Vistas; e) A Universidade Nova de Lisboa com o seu Centro de Huma-

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pulsionado por José Esteves Pereira, na promoção da cultura luso-brasileira
e ibero-americana, destacando-se o contributo de autores como Adelino Car-
doso, Luís Bernardo, Berta Pimentel Miúdo, Cristiana Paszkiewicz, Margari-
da Almeida Amoedo e Teresa Lousa.
Metafísica y persona. Filosofía, conocimiento y vida
Año 14, Núm. 27, Enero-Junio, 2022, ISSN: 2007-9699
50
2. O movimento losóco da Escola Bracarense, de
inspiração tomista com preocupações metafísicas e
epistemológicas
Mas a Universidade Católica Portuguesa encerra um outro movimento
-
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Luso-Brasileira, com eles desenvolveu atividades e investigação sob a inicia-
tiva impar da Revista Portuguesa de Filosoa, constituindo-se como uma escola:
a Escola Bracarense.
6
Através do seu corpo docente constituído por mestres
-
gica judaico-cristã que se desenvolve no contexto da neo-escolástica, pela via
agostiniana e pela via tomista, cuja restauração se iniciou na segunda metade
do século XIX sob o impulso da Encíclica Aeterni Patris de Leão XIII, segundo
princípios comuns, embora como métodos e vias metafísicas distintas.
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Manuel José Martins Capela (1842-1925), que, em 1896 é nomeado como pri-
meiro professor da cadeira de Filosoa de São Tomás, anexa ao 1.º ano do curso

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investigação, dá continuidade ao diálogo entre a tradição e os movimentos

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
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de Filosoa
Beato Miguel de Carvalho em 1934.
Desta Escola devemos destacar o trabalho de autores como Cassiano
Abranches (1896-1983), António Dias de Magalhães (1907-1972), Mário
Martins (1908-1990), Diamantino Martins (1910-1979), Lúcio Craveiro Da
-
veira (1916-1999), Júlio Fragata (1920-1985), e, mais recentemente, Jorge
Coutinho (1939-2015), Alfredo Dinis, José Gama e João Duque. Tal como

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6
Cf. , A Filosoa da Escola Bracarense, Braga: Universidade Católica
Portuguesa, 2010, p. 117.
51
Os movimientos metafísicos da Filosoa Portuguesa Contemporânea

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a admitir uma inadequação entre o nosso pensamento e a realidade, o que
explica o facto de se ter sucedido uma série de doutrinas que mutuamente
se contradizem, numa sucessão antitética de conceções parciais da reali-

7
É fecundo o diálogo de Cassiano Abranches com o tomismo trans-
cendental da Escola de Lovaina, fundado por Joseph Maréchal e seguido
por outros teólogos importantes como Karl Rahner, no reconhecimento de
-
tal e atemática do mistério de Deus que é condição de possibilidade do seu
questionamento explícito e de todo o discurso teológico.
Aluno de Leonardo Coimbra no Liceu de Rodrigues de Freitas, o padre
jesuíta António Barbedo Pereira Dias de Magalhães, que lecionou História da

Braga, dedica-se ao estudo das obras dos amigos Teixeira de Pascoaes e Leo-
nardo Coimbra, nomeadamente sobre o tema da saudade nesta mesma pers-


o facto de também serem teólogos e desenvolve uma metafísica do Mistério
que inclui os elementos sobrenaturais da graça e da revelação, criticando Kant
por ter consumado a cisão entre a razão e a fé. Assim, apresenta a sentimento

estado saudoso é o sentimento espiritual do ser contingente, a revelação, no
mais profundo nível ôntico-psicológico de cognição por co-naturalidade, do
-

8
Em comum com a metafísica da saudade do espírito da Renascença

-

9
No mesmo sentido, o pensamento de Mário Martins, dramático, mas não
trágico, desenvolve-se em diálogo com uma grande diversidade de autores
religiosos da cultura portuguesa desde o século IV à contemporaneidade, por
-

-
7
Cf. , Metafísica, Braga: Livraria Cruz, 1956, p. 13.
8
Saudade e Ser, in
Afonso Botelho e António Braz Teixeira (organização), Filosoa da Saudade,
Lisboa: INCM,
1986, p. 266.
9
, in Obras Completas, Vol. VIII, Lisboa: INCM,
2014, p. 744.
Metafísica y persona. Filosofía, conocimiento y vida
Año 14, Núm. 27, Enero-Junio, 2022, ISSN: 2007-9699
52

10
Não nos sendo possível continuar este diálogo, podemos dizer que
     




3. O movimento losóco em Coimbra: do racionalismo
krausista à losoa fenomenológica e dialógica com
abertura à metafísica neo-escolástica
       
iniciando-se sob inspiração do racionalismo krausista, introduzido por Vicente

discípulo Joaquim Maria Rodrigues de Brito (1822-1873), que na redação das
Prelecções de Direito Natural já enuncia uma posição divergente do seu mestre,
explicitada depois na sua obra Philosophia do Direito através de uma preocu-

No entanto, embora sem estar integrado na carreira académica, a maior re-

Cunha Seixas (1836-1895) que, através da sua metafísica pantiteísta, viria a
-
tal (1842-1891), Amorim Viana, Sampaio Bruno, Guerra Junqueiro (1850-1923),
Raul Brandão (1867-1930), Teixeira de Pascoaes (1877-1952), Sant’Anna Dioní-

A metafísica de José Maria da Cunha Seixas apresenta um movimento
triádico de Ser, Manifestação e Harmonia
11
a que dá o nome de pantiteísmo que
Deus em tudo,
12
mas que, à semelhança de Krause, também se dis-

sim um excesso de Deus em relação aos seres criados, pelo que não é possí-

homens.
13
Embora procure resolver o problema da relação entre Deus e o
-
10
Cf.  Introdução histórica à vidência do tempo e da morte, vol. I, Braga: Livraria
Cruz, 1969, pp. 13-14.
11
Cf.  Princípios Gerais de Filosoa e outras obras losócas, Pref. de
Eduardo de Abranches de Soveral, Lisboa: INCM, 1995, p. 501.
12
Cf.  Princípios..., p. 161.
13
Cf.  Princípios..., p. 342.
53
Os movimientos metafísicos da Filosoa Portuguesa Contemporânea
manece o reconhecimento do mistério do Ser comum ao teísmo ortodoxo es-
colástico e ao teísmo heterodoxo dos pensadores livres.
Na orientação krausista de Coimbra situam-se também o positivismo de

daria origem a uma outra via ambígua entre o dualismo deísta de um Deus
-
cação panteísta com os elementos da natureza.

movimentos literários e, nesse sentido, recordamos que no período da Pri-
meira Faculdade de Letras no Porto é fundada em Coimbra a revista Presença

1969) e João Gaspar Simões (1903-1987), através de uma estética poética da
expressão e da inspiração que, em diálogo com autores como Henri Bergson
e Paul Valéry, viria a contar com a colaboração de intelectuais como Augus-
to Casimiro (1869-1967), Adolfo Casais Monteiro (1908-1972), Branquinho da
Fonseca (1905-1974), Alberto Serpa (1906-1992), Aquilino Ribeiro (1885-1963),
Miguel Torga (1907-1995), Carlos Queiroz, Almada Negreiros (1893-1970) e
Diogo de Macedo.


-
ral portuguesa na primeira metade do século XX é muito rica e encerra uma

literária e política que vai muito para além do esperado, tal como se pode


obra importante enquanto Reitor do Liceu Nacional de Santarém e enquanto


podemos deixar de referir José Joaquim Lopes Praça e a sua História de Filosoa
em Portugal, reeditada por Pinharanda com inúmeros complementos, Joaquim
-
dade de docente da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra publi-
cou diversos estudos sobre os séculos XVI a XVIII, nomeadamente sobre os


para a publicação recente do texto latino com tradução de duas obras de Luís
António Verney: Metafísica (Coimbra 2008) e Lógica (Coimbra 2010).
Metafísica y persona. Filosofía, conocimiento y vida
Año 14, Núm. 27, Enero-Junio, 2022, ISSN: 2007-9699
54
Nas gerações mais recentes, gostaríamos de distinguir ainda outros pen-
sadores como José Sebastião da Silva Dias (1916-1994), mestre de José Esteves
Pereira no campo da teoria das ideias, e Arnaldo de Miranda Barbosa (1916-
1973), mestre de pensadores como Alexandre Fradique Morujão (1922-2009),
Gustavo de Fraga (1922-2003) e Eduardo Abranches de Soveral no campo dos
estudos fenomenológicos e neo-escolásticos. A Escola Coimbrã viria a dife-

e com a fenomenologia e a ontologia alemã de autores como Husserl (1859-
1938), Heidegger (1889-1976), Dilthey (1833-1911), Max Scheler (1874-1928),
N. Hartmann (1842-1906), Karl Jaspers (1883-1969), mas no caso de Gustavo
-
cerra uma relação com a metafísica judaico-cristã.
Na introdução à sua obra De Husserl a Heidegger, Gustavo de Fraga ad-
-
ca sem metafísica. Não se trata da metafísica tradicional do saber absoluto,
mas de uma teoria que não pode recusar o problema do acesso às questões
últimas e não pode deixar de manter a abertura do ego ao intemporal e eter-
no. Uma teoria fenomenológica do Absoluto que se funda na subjetividade e
recorre a Deus, no reconhecimento de que intencionalidade e teleologia não

por si mesma e a vontade absoluta universal, que vive nos sujeitos transcen-

que torna possível a racionalidade, que se experiencia pela fé e que precede



deixa conceber, porque é Mistério.
-
epoché ou
redução transcendental, o conhecimento dos fenómenos da natureza mate-
-
cional de dar-se conta de algo, através dos seus atos de perceção, recordação,


em que se ergue o edifício fenomenológico revela um pensamento a-histórico
e anti-histórico, em que se prescinde da realidade objetiva do próprio mundo
e da sua concreção individual, reduzindo o facto ao eidos.
14
-

14
Cf. -
Estudos Filosócos, vol. I, Lisboa: INCM, 2002, p. 382.
55
Os movimientos metafísicos da Filosoa Portuguesa Contemporânea
pelo próprio Husserl na sua obra Krisis-
po puro intencional ou fenomenológico (ek-stático) que manifesta na nossa
subjetividade o tempo objetivo, transitando-se de uma análise estática para
-
lações desse devir ao concreto da corrente da consciencia.
15


Lebenswelt),
16
-

17
Trata-se do mundo da vida
referido por Leonardo Coimbra na sua noção de inteligibilidade intuitiva e
estética em ato primeiro
antepredicativa.
Ainda em Coimbra, uma palavra particular também para Miguel Baptista
Pereira (1929-2007), que fez a sua tese com o título O princípio da individuação
na metafísica de Pedro da Fonseca

-

podemos referir os nomes de Mário Santiago de Carvalho, Henrique Carlos
Jales Ribeiro, Diogo Falcão Ferrer, Helena Carvalho e Joaquim Braga. Na área

4. O movimento losóco em Lisboa e as suas correntes
de inspiração aristotélico-tomista com preocupações
espiritualistas e teológicas
Para além da Escola Bracarense e da sua Revista Portuguesa de Filosoa, em
Lisboa a presença cristã neo-tomista no diálogo com a cultura portuguesa
dá-se na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e na Universidade
Católica Portuguesa, bem como através da revista Brotéria, pela ação marcan-
te de pensadores como Agostinho Veloso (1894-1970), Mário Martins, Manuel
Antunes (1918-1985), Luís Archer (1926-2011), José Enes, Roque Cabral, Luís
Machado de Abreu ou José Eduardo Franco. Acompanhando a constituição
da Universidade Católica Portuguesa, entre 1968 e 1973, como professor e seu
15
Cf. -
Estudos Filosócos, vol. I, p.404
16
Cf.  A crise das ciências europeia e a fenomenologia transcendental – uma intro-
dução à losoa fenomenológica, § 34, trad. Diogo Falcão Ferrer, Lisboa: Edição Phainomenon e

17
Cf. 
Metafísica y persona. Filosofía, conocimiento y vida
Año 14, Núm. 27, Enero-Junio, 2022, ISSN: 2007-9699
56
primeiro vice-reitor, e prosseguindo depois durante muitos anos como Reitor
da Universidade dos Açores, José Enes representa entre os Açores e Lisboa, a

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
a sua revista Filosoa (1954-1962), sob o magistério de António Alberto Ba-
nha de Andrade (1915-1982), professor da Faculdade de Letras da Uni-
versidade de Lisboa que se distinguiu como investigador da história da
cultura portuguesas dos séculos XVI a XVIII, especialmente da história re-
ligiosa e da história da educação no período mais marcante da expansão
portuguesa. Atualmente, um dos pensadores que mais se destaca em Lis-
boa nos estudos sobre a herança escolástica tomista, nomeadamente sobre
a Escolástica Ibérica, é Gonçalo Moita que se tem dedicado à tradução e
investigação das obras de Molina e Francisco Suárez.
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(1949-1961), fundada por jovens universitários integralistas de Lisboa e de
Coimbra, onde colaboraram Afonso Botelho, Eduardo Abranches de Soveral
e Henrique Barrilaro Ruas (1921-2003) que tem como objetivo revitalizar o In-
tegralismo Lusitano de António Sardinha que tinha como objetivo restaurar a
grandeza perdida da fé e do império monárquico.
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destacar o longo percurso académico do salesiano Joaquim de Sousa Teixeira,

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trabalho. Realce ainda para Artur Pires Morão e Mendo Castro Henriques,
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investigação das obras de autores como Eric Voegelin, Bernard Lonergan e os
pensadores dialógicos sob o magistério de Martin Buber e Franz Rosenzweig.
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através de projetos como a edição da Bibliograa Filosóca Portuguesa e o Di-
cionário Crítico de Filosoa Portuguesa, sob a coordenação de Maria de Lourdes
Sirgado Ganho. Finalmente, uma palavra para o dehoniano José Jacinto Fa-
rias, que na Faculdade de Teologia desenvolveu um profundo diálogo entre a
fenomenologia existencialista de Heidegger e o neo-tomismo de Karl Rhaner
sobre a simbólica do real e o Mistério de Deus.
57
Os movimientos metafísicos da Filosoa Portuguesa Contemporânea
No mesmo sentido de uma impossibilidade da compreensão direta e ime-
diata do Ser pleno, considera Joaquim Teixeira que a procura e o encontro
com Deus dão-se de forma analógica e só são possíveis porque ele já se en-
contra em nós de forma implícita e atemática como medida incondicional.
18
Deus só pode ser alcançado de forma explícita como conclusão da análise

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tica, na certeza de que não se pode perguntar por aquilo que em absoluto se
ignora. É na consideração do Mistério de Deus que se pode legitimar o alcan-

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que objetivamente apontam para um ser superior e é delas que partimos para

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A noção de educação apresentada na obra do Padre Manuel Antunes não
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ta recusa, por um lado, uma perspetiva puramente pragmática e utilitarista
da ação humana, centrada no progresso da técnica, e recusa, por outro lado,

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que o objetivo da educação humana não é o homo mechanicus nem o homo
romanticus, mas sim o homo misericors que se rege pelos valores universais de
ser do homem (antro-
pologia) e proporcione o seu fazer ser

renúncia e na compaixão as formas
mais valiosas de educação e humanização. Como nos diz Manuel Ferreira
Patrício, em diálogo como seu mestre Manuel Antunes, o saber que educa o
homem e que o faz ser aquilo que é e deve ser não é apenas lógico-ontológico
(ser), nem apenas axiológico ou normativo (dever ser), mas é também reali-
zativo (fazer e transformar), no sentido de um saber de ação que parte do
deve ser.
19
É através deste diálogo
18
Cf. -
 (Coordenação), Os Longos Caminhos do Ser,
Estudos dedicados ao Prof. Doutor Manuel Barbosa da Costa Freitas, Lisboa: Universidade Católi-
ca Editora, 2003, p. 686.
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História
do Pensamento Filosóco Português – Tomo 2 – Vol. V – O Século XX. (Direção) Pedro Calafate,
Metafísica y persona. Filosofía, conocimiento y vida
Año 14, Núm. 27, Enero-Junio, 2022, ISSN: 2007-9699
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     
noção de antropagogia que caracteriza esta arte teórica e prática de educar
o homem na unidade de pensar aquilo que se faz e de fazer aquilo que se


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

cristã a um moralismo, a uma ideologia e a uma gnose, o pensador enqua-
dra-a no seu fundamento metafísico de resposta à inquietação universal pelo
sentido da vida. Mas no sentido metafísico, também não é um panteísmo
-

a viver, um mistério, eterno e temporal, a aceitar e, sobretudo, uma Pessoa

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A sua obra propõe uma nova
-

como condição da verdade, do juízo, do valor e da história.
22
5. O movimento losóco nos Açores e a sua corrente
de inspiração hermenêutica e fenomenológica com
preocupações epistemológicas, literárias e políticas

teve em Antero de Quental o seu principal patrono, desenvolve-se sob o magis-
tério do padre Sena Freitas e de José Enes e tem como principais discípulos José
Luís Brandão da Luz, Magda Carvalho, Maria do Céu Fraga, Maria do Céu
Patrão Neves, Carlos Pacheco Amaral, Rosa Goulart, Berta Miúdo Pimentel,
Gabriela Castro, Rui Sampaio, Miguel Rocha, Maria do Céu Fraga e Maria do

forma explícita em conversa com alguns amigos do Açores que reconhecem a
-

sua preocupação no estudo e divulgação dos pensadores da sua terra, embora
Lisboa: Caminho, 2000, pp. 75-76.
20

21
Obra Completa, tomo IV, Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian, 2007, p. 81.
22
Cf. Obra Completa, tomo IV, pp. 92.93.
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Os movimientos metafísicos da Filosoa Portuguesa Contemporânea


Não se pode ocultar que José Enes foi um crítico assumido do Movimento

tecendo um percurso independente em diálogo com a fenomenologia exis-
tencial de Heidegger e com o neo-tomismo inspirado na Escola de Lovaina.
-
-

 


de uma ontologia transcendental em que o modo primeiro de acesso ao ser
não se faz pela via demonstrativa, mas compreende-se pela via manifestativa,

elaborar uma noética que revele o modo primeiro de contacto do homem com
o ser, isto é, a apercepção original da percepção do ser.
Sob a coordenação do recentemente criado CEH - Centro de Estudos Hu-
-
-

         

Gustavo de Fraga, depois Joaquim Maria da Silva, Manuel Ferreira Deusda-

José de Arriaga (1840-1917), primeiro presidente da República Portuguesa.
6. O movimento losóco em Lisboa e a sua
corrente de inspiração franciscana, com preocupações
ontológicas e teológicas
        
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Itinerarium Revista Trimestral de Cultura, em que se destacam as colaborações
de António Domingues de Sousa Costa (1926-2002), David de Azevedo (1922-
2013), António da Silva Soares (1927-2002), Manuel Barbosa da Costa Freitas
(1928-2010), Henrique Pinto Rema, João Ferreira, Joaquim Cerqueira Gonçal-
Metafísica y persona. Filosofía, conocimiento y vida
Año 14, Núm. 27, Enero-Junio, 2022, ISSN: 2007-9699
60
ves, António de Sousa Araújo, João Duarte Lourenço, Isidro Pereira Lamelas,
José Maria da Silva Rosa, Américo Pereira, Gonçalo Figueiredo e Maria de
Lourdes Sirgado Ganho.
De um modo geral e simplista, podemos dizer que se a escolástica tomista

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sobrepondo o discurso místico-poético ao discurso predicativo lógico. Com-
-
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a quem devemos a primeira abertura institucional da Igreja, no Seminário
-
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mentais do homem na sua relação com o Mundo e com Deus.
-
dação do movimento espiritual criacionista e saudosista portuense, de inspiração
platónica e neoplatónica, se fundamentou na criação da primeira Faculdade de
Letras da Universidade do Porto, sob o magistério de Leonardo Coimbra, e teve
depois seguimento em Lisboa através dos seus discípulos diretos do movimento
-
envolvimento e consolidação do movimento espiritual de Lisboa, de inspiração
franciscana e escotista, teve início em 1957 na Faculdade de Letras da Universi-

de História e com a entrada para o corpo docente de pensadores cristãos. Joa-


que pertenceu a uma Comissão Ministerial de Reforma do Ensino Superior, e da
ação do Padre Manuel Antunes que também contribuiu para a valorização das
perspetivas espiritualistas naquela instituição.
23
-

Coimbra e de Lisboa, na primeira metade do séc. XX, com professores como
Sílvio Lima (1904-1993), Vieira de Almeida (1888-1962) e Edmundo Curve-
lo (1913-1954), teria continuidade em pensadores ligados à investigação da
Universidade de Lisboa, como Manuel Ferreira Patrício, António Braz Teixei-
23
Cf. 
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da Gama Caeiro - a presença 20 anos depois (coord. de Maria Leonor Xavier), Lisboa: Centro de

61
Os movimientos metafísicos da Filosoa Portuguesa Contemporânea
ra, Leonel Ribeiro dos Santos, Carmo Ferreira, Pedro Calafate, Paulo Borges,
História do
Pensamento Filosóco Português-

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clandestinidade que alguns membros do chamado Movimento da Filosoa Por-
tuguesa tendiam em defender, através de um discurso anti-universitário.
24
No entanto, também não podemos esquecer que, por um lado, a Univer-

1913, e que, por outro lado, a crítica à Universidade era uma crítica feita, es-
sencialmente, ao seu espírito positivista. Em resumo, a Universidade critica-

e de aprofundamento racional, deixando-se seduzir muitas vezes por pseu-

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erradicar a metafísica e o espiritualismo. Não é por acaso, que o acolhimento
a este movimento é feito na Universidade pela mediação de professores de
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Sabemos também que essa reintrodução acabaria por ser formalizada sob
         

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
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-
lásticas, positivistas, racionalistas, existencialistas ou fenomenológicas. Apesar
de todas as polémicas e tensões, este assunto está agora ultrapassado, como o
-
leira e as diversas Universidades públicas e privadas em Portugal.
     
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-
sença, em estreita colaboração com a Província Franciscana, onde avultava o

 Alguns dos seus professores foram
24
Cf. 
Metafísica y persona. Filosofía, conocimiento y vida
Año 14, Núm. 27, Enero-Junio, 2022, ISSN: 2007-9699
62
recomendados por Joaquim Cerqueira Gonçalves, nomeadamente Manuel

Letras da Universidade do Porto, se enquadrou naturalmente neste espírito
franciscano de valorização do humanismo cristão e da cultura portuguesa.

mestres Manuel Barbosa da Costa Freitas e Joaquim Cerqueira Gonçalves,
podemos dizer que há uma continuidade entre a corrente espiritualista pla-
tónica e neoplatónica do Porto e a corrente agostiniana e escotista de Lisboa.

-
bito da tradição aristotélico tomista, da tradição gnóstica esotérica e da tra-
dição panteísta.
Há uma grande linha de pensamento espiritual metafísico, que tem a sua
génese no diálogo com o criacionismo leonardino, mas que ganha progres-
siva autonomia e diferenciação sob o magistério de Manuel Babosa da Costa
Freitas, na FCH da UCP, com destaque para a coordenação da edição da LO-
GOS - Enciclopédia Luso-Brasileira de Filosoa e para a constituição e direção
do CLCPB - Centro de Literatura e Cultura Portuguesa e Brasileira, e sob
o magistério de Joaquim Cerqueira Gonçalves, na Faculdade de Letras da
Universidade de Lisboa, com destaque para a constituição do Curso de Filo-

da revista Philosophica e a função de membro do Conselho Nacional de Ética

         -
mento espiritual, radicado no espaço cultural de Lisboa, com realce para o
pensamento e ação de autores como Carlos Silva, Maria de Lourdes Sirgado
       -
dido Pimentel, José Rosa, Américo Pereira e, mais recentemente, Gonçalo
Figueiredo, Samuel Dimas, Luís Lóia, José Carlos Pereira e Teresa Dugos-Pi-
mentel. Partilhando atividades e responsabilidades com o IFLB, o CFUL e o
IFUP, no reconhecimento do valor da diversidade e da pluralidade da cultu-


-

indiferenciação.
Para além da Enciclopédia LOGOS e da História do Pensamento Filosóco
Português-
cativos, como por exemplo, o Dicionário Crítico de Filosoa Portuguesa, coor-

63
Os movimientos metafísicos da Filosoa Portuguesa Contemporânea
CEFi - Centro de Estudos de Filosoa
Universidade Católica Portuguesa. Assim, sob o magistério de Manuel Bar-
bosa da Costa Freitas, Joaquim Cerqueira Gonçalves e António Braz Teixeira,


desenvolvem em Lisboa na segunda metade do século XX e nas duas primei-
ras décadas do século XXI um movimento plural de investigação e de divul-
gação do pensamento lusófono.
A identidade do movimento espiritual inspirado na Escola Portuense não
reside nas formas monolíticas de uma instituição ou de uma determinada co-

-
samento, que ansiando a universalidade, é situado num determinado contexto
histórico-cultural. A título ilustrativo, podemos citar o pantiteísmo de Cunha
Seixas, o retornismo de Amorim Viana, o saudosismo de Teixeira de Pascoaes,
o criacionismo de Leonardo Coimbra, o insubstancial substante de José Ma-
rinho, a razão animada de Álvaro Ribeiro, a razão cordial de Afonso Botelho,

metafísica da Saudade.
       
metafísica, este movimento heterogéneo que nasce sob o magistério dos mes-
-
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Redenção ou Restauração dominam toda a história dos discursos mítico, racio-

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fundamentado nas noções de Criação, Manifestação e Comunhão.
-
zação do dinamismo aberto e progressivo da História e com o reconhecimen-

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sença em Lisboa do espírito metafísico e criacionista da saudade da Escola
Portuense no sentido de regresso à origem da relação divina depois da que-
da primordial; b) sob o magistério de Costa Freitas e Cerqueira Gonçalves,
no contexto da tradição ocidental teísta da relação e da comunhão em pro-
gressiva manifestação de amor e plenitude universal; c) sob o magistério de
Metafísica y persona. Filosofía, conocimiento y vida
Año 14, Núm. 27, Enero-Junio, 2022, ISSN: 2007-9699
64
Paulo Borges, no contexto da tradição oriental panteísta da indiferenciação,
em desejo saudoso de regresso à condição primordial do Nada que é Tudo.
Atualmente, na Universidade Católica Portuguesa (Braga, Porto e Lisboa), na
Faculdade de Letras das Universidades do Porto e de Lisboa e nos seus círcu-
-
gradação e restauração universal; b) criação, queda e redenção universal ou
parcial; c) criação, manifestação e comunhão universal. Mas na generalidade

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Sob o magistério de Manuel Barbosa da Costa Freitas e pela mediação do
seu discípulo José Rosa, este espírito estende-se à Universidade da Covilhã,
que, sob a reitoria de António Fidalgo, também ex-docente da FCH da UCP,
viria promover a atribuição do doutoramento honoris causa a Jesué Pinha-
randa Gomes, estabelecendo no interior do país uma ponte marcante com o

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Celebrar o Saber Amigo - Colóquio de Homenagem a Jesué Pi-
nharanda Gomes, realizado pela Faculdade de Letras da UBI, constitui-se uma

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que, sob a direção de José Eduardo Franco, também tem realizado um trabal-
ho importante de investigação sobre a cultura lusófona, nomeadamente no
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No trabalho realizado no CLEPUL Centro de Literaturas e Culturas Lusó-
fonas e Europeias, sediado na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa,
para além de José Eduardo Franco, ex-investigador do CLCPB da FCH da
UCP coordenado por Manuel Barbosa da Costa Fritas, destacamos a ação de
autores como Luís Machado de Abreu, Annabela Rita e Eugénia de Magal-
hães. No núcleo de investigadores da UBI, integrados nas Licenciatura e Mes-

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e Cultura, nomeadamente através dos cursos e iniciativas promovidos pelo
departamento de Comunicação e Artes. Um destaque também para a LU-
SOSOFIA Biblioteca on line de Filosoa e Cultura, projeto idealizado por José
Rosa e realizado em conjunto por estas duas entidades, estando sediado na
página do CLEPUL - Centro de Literaturas e Culturas lusófonas e Europeias.

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neamente transcendente e imanente entre Deus e o Mundo, quer na escolástica
65
Os movimientos metafísicos da Filosoa Portuguesa Contemporânea
neo-tomista, quer na escolástica neo-agostiniana escotista, há autores que pri-
vilegiam a perspetiva gnóstica da queda e redenção para a salvação e conde-
nação eternas, apelando para a ascese mística de fuga ao mundo, e autores que
privilegiam a perspetiva da criação e da manifestação com o desenvolvimento
-
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terminação, mas como Plenitude de fraternal e universal Comunhão. Contudo,
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tido de uma plenitude universal do amor divino.
7. O movimento losóco em Lisboa e a sua corrente gnóstica
nas formas esotéricas de teosoa e sincretismo religioso
No início do século XX desenvolve-se em Lisboa um movimento de pensa-
mento esotérico na linhagem oculta e maçónica de Frederico Francisco Stuart
 
Jorge (1883-1922), João Antunes (1885-1956), Fernando Pessoa (1888-1935),
Raul Leal (1886-1964), Augusto Ferreira Gomes (1892-1953), António Lobo Vi-
lela (1902-1966), Agostinho da Silva (1906-1994), Délio Nobre dos Santos (1912-
1977), Limas de Freitas (1927-1998), António Telmo (1927-2010), José Manuel
Anes, Alexandre Teixeira Mendes, Manuel J. Gandra, Rui Lomelino Freitas e,
mais recentemente, Luisa Borges e Joaquim Pinto. Este espiritualismo gnóstico

deixar de referir a ação de António Telmo e dos seus grupos de Estremoz e
de Sesimbra, com destaque particular para Pedro Martins e para as ligações à

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racionalismo gnóstico com um certo ocultismo e simbolismo de origem mítica e
teogónica, tal como o comprova o diálogo com Fulcanelli, René Guénon, Julius
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Mas, em rigor, esta espiritualidade gnóstica já está presente em autores
como Sampaio Bruno, Guerra Junqueiro, Teixeira de Pascoaes, Jaime Cor-

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Metafísica y persona. Filosofía, conocimiento y vida
Año 14, Núm. 27, Enero-Junio, 2022, ISSN: 2007-9699
66
à margem das grandes escolas medievais e modernas da academia terá leva-
 
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25
No entanto,
mesmo que não seja entendida como sinónimo de ocultismo, hermetismo e

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pelo que, por si só, não caracteriza a tradição geral da Escola Portuense de
Teixeira de Pascoaes, Leonardo Coimbra, Álvaro Ribeiro, José Marinho e An-
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desvalorização dualista da condição existencial da corporeidade instaurada
pelos poderes demoníacos e a imanentização monista de carácter panteísta,
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de Pasqually e Visconde Frederico Figanière, presente nos messianismos de
Fernando Pessoa, Raul Leal, Agostinho da Silva e António Telmo; c) a espiri-

para a tradição do Al-andalus Ibn Arabi; d) a espiritualidade oriental panteís-
ta da absoluta indeterminação do Nada que é tudo, que remete para as tra-
dições asiáticas do taoismo e do budismo sob o magistério de Paulo Borges.

da realidade sobrenatural, no sentido de uma sabedoria de fé racionalizada,
inclui sempre uma dimensão secreta de iniciação e de iluminação dos escol-
hidos. Partilhando a visão cristã de que a sabedoria é mais uma práxis de
vida humana do que uma teoria do conhecimento, a gnose, que segue a via
do esoterismo ou da separação em relação à ortodoxia das Igrejas, tende, ora
para formas populares de superstição, ora para formas deístas e panteístas
que não reconhecem a conceção pessoal de Deus. A gnose de António Telmo
remete para a gnose da cabala, num certo contexto maçónico, e acaba por se
traduzir numa espiritualidade sincretista que hesita entre um monismo de
imanentização dos princípios escatológicos e um dualismo de sobrevalori-
zação da sua realidade transcendente.
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Lusitana Sacra, 2ª série, núm. 12, 2000, p. 342.
67
Os movimientos metafísicos da Filosoa Portuguesa Contemporânea
colaboração de autores como, António Carlos Carvalho, Cynthia Guimarães,
Luís Paixão, António Reis Marques, Luís Furtado, Rui Lopo, Abel de Lacerda
Botelho, Carlos Aurélio, Pedro Sinde, Rodrigo Sobral Cunha e Elísio Gala que
promoveram os Cadernos de Filosoa Extravagante (2009-2015). A obra organi-
zada pelo Pedro Sinde, e editada em 2003 com o título António Telmo e as Ge-
rações Novas-

Avelino de Sousa, Luís Paixão ou António Reis.
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Estamos convencidos, no

esoterismos e ocultismos e que devem ser reconhecidos, antes de mais, como

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em Estremoz, com a presença regular de António Telmo, Salvado Martinho,

Mário Rui, João Tavares e Carlos Aurélio, bem como visitantes ocasionais e
admiradores de Telmo, como por exemplo, João Rego e Luís Paixão. Neste
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com Inácio Ballesteros, Mário Rui, Manuel Ferreira Patrício e o próprio Antó-
nio Telmo; o Grupo de Vila Viçosa, com a presença de João Tavares e Carlos
Aurélio; e o Grupo de Lisboa, com António Quadros, Afonso Botelho, Maria

Braz Teixeira e Paulo Borges. De Sesimbra, já estava presente Luís Paixão
que com Telmo daria continuidade aos encontros nesta Vila, antes da recente
cisão no grupo depois da morte deste último e da apropriação do seu espólio
por parte de Pedro Martins. Reconhece-se uma distinção nítida entre o pensa-
mento de Braz Teixeira e de Manuel Ferreira Patrício e o pensamento dos res-
tantes membros, a que não será alheia a forte vinculação ao teísmo cristão de
Leonardo Coimbra e o seu profundo envolvimento no espírito universitário.
Alguns destes autores do grupo esotérico de Sesimbra, anteriormente dis-
persos por várias revistas, passariam a colaborar na Nova Águia e nas ativi-

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num percurso de afastamento crítico em relação à Academia que se centra na
defesa do sincretismo religioso proposto por autores como Fernando Pessoa,

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26
AA.VV., António Telmo e as Gerações Novas, Lisboa: Hugin, 2003.
Metafísica y persona. Filosofía, conocimiento y vida
Año 14, Núm. 27, Enero-Junio, 2022, ISSN: 2007-9699
68
com Frederico Francisco Stuart de Figaniére, parecem acolher evolucionismo
-
nação da gnose oriental e plotiniana de pendor panenteísta, tal como se pode
Estudos Esotéricos - Submundo, Mundo, Supramundo
27
que se su-
cedeu à obra A Doutrina Secreta, publicada um ano antes por Helena Blavatsky.
28
Devemos acrescentar ainda nesta área os projetos culturais associados à
Casa do Fauno em Sintra, dirigido por Alexandre Gabriel, proprietário da
-
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tipo uma folha de carvalho, a árvore sagrada para os antigos povos celtas
e lusitanos, que simboliza a sabedoria veiculada nas obras editadas sobre

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


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29
e refere-se ao conjunto
-
curam o conhecimento direto dos mistérios da vida natural e da vida divina.

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-
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30
-

maçon António Rodrigues da Silva Júnior (1868-1937), que já pertencia à Socie-

da Livraria Clássica Editora, onde Fernando Pessoa participou traduzindo algu-
mas das obras. Recordamos que, tal como acontece hoje no Movimento vasto da
Nova Águia, também na altura alguns destes
27
 Estudos Esotéricos – Submundo, Mundo, Supramundo, Livraria Interna-
cional de Ernesto Chardron, Casa Editora Lugan & Genelioux, Porto, 1889.
28
Cf. in Dicionário de Filosoa Portuguesa, Lisboa: Círcu-
lo de Leitores, 1990, p. 232.
29
Cf. 
30
 Estudos Esotéricos..., pp. 1-5.
69
Os movimientos metafísicos da Filosoa Portuguesa Contemporânea
pensadores colaboram movimento vasto da Renascença Portuguesa, tendo o
poeta da Mensagem editado os seus primeiros textos na revista A Águia.
8. O movimento losóco em Lisboa e a sua corrente de
inspiração monista gnóstica e oriental asiática
-
tal que se apresenta comum a todas as religiões e em diálogo com autores da
 -
ve-se em Lisboa uma corrente de pensamento de contornos orientalizantes

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magistério de pensadores como Paulo Borges, Paula Morais e Jorge Croce
Rivera e através de discípulos como Nuno Ribeiro, Bruno Béu de Carvalho,
Dirk-Michael Hennrich e José Manuel Anacleto, este movimento inserido no

da Universidade de Lisboa, procura uma alternativa à metafísica tradicional

da saudade que aponta para o regresso à unidade indeterminada da indis-

lá das emoções e do pensamento. Devemos acrescentar que também Renato

proposta por José Marinho, mas, ao contrário de Jorge Croce Rivera, não a
interpreta no sentido panteísta de indiferenciação no Uno, mas sim no sen-
tido de pantiteísmo. Na área do orientalismo, mas trilhando um caminho
independente, estendendo-se por várias áreas, inclusivamente aos estudos

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bito do pensamento lusófono também na Universidade Lusófona de Humani-
dades e Tecnologias
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cia das Religiões, realizado em parceria com a Universidade Aberta e com o
CLEPUL, sob a coordenação de José Eduardo Franco. Neste núcleo de estudo
das religiões no espaço lusófono, devemos destacar também a ação de Anna-
bela Rita, Fabrizio Boscaglia, Catarina Belo, Pedro Vistas, Teresa Lousa, Paulo
  Instituto do Cristianismo Contemporâneo,
sob a coordenação de José Brissos-Lino e Joaquim Franco, desempenha um
papel importante nesta Instituição.
Metafísica y persona. Filosofía, conocimiento y vida
Año 14, Núm. 27, Enero-Junio, 2022, ISSN: 2007-9699
70
Na linha de investigação sobre as Cosmovisões da Ásia, coordenada por
António E. R. Faria, destaca-se o trabalho desenvolvido por Diogo Lopes,
presidente da união budista, e por José Barreno, presidente da Assembleia
Geral da Associação Daoista de Portugal. Podemos referir ainda o trabalho
de investigação de autores como Paulo Hayes, Henrique Machado Jorge, Va-

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31
e que está para além de todos os limites do
pensamento e da imaginação e que não se pode reduzir a qualquer forma de

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junto fragmentado de seres que se desvelam como inseparáveis desse seu
fundo comum e convoca a um total despojamento dos modelos conceptuais,
linguísticos e simbólicos que o procuram compreender, vive-se em plena per-
 
exuberante de todas as maneiras possíveis.
32
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Portugal do Círculo do Entre-Ser
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Linji do Budismo Chan pelo mestre Thich Nhat Hahn. É um movimento es-
-

de autores como António Telmo, que tem agora em José Manuel Anacleto um
dos seus principais impulsionadores.
Conclusão: entre a metafísica pantiteísta da união
impessoal e a metafísica teísta da comunhão pessoal na
comum procura de superação do panteísmo e do deísmo
-

acordo com as tradições greco-romana, judaico-cristã e arábico-oriental, em
sintonia com a sua diversidade de autores e temáticas. No entanto, as dife-

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31
 Vazio e Plenitude ou o Mundo às Avessas
32
Cf.  Vazio..., p. 13.
71
Os movimientos metafísicos da Filosoa Portuguesa Contemporânea

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razão e emoção, é recorrente em diferentes gerações e distintas sensibilidades
o recurso a categorias operativas que procuram a superação das antinomias,
-
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Desenvolve-se assim uma metafísica lusófona da saudade que constitui a

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a procura da superação da cisão clássica entre panteísmo e teísmo, e da cisão

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
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
panteísta e o dualismo deísta. É recorrente o recurso aos princípios do panen-
teísmo emanatista de Plotino, Espinosa e Krausse e aos princípios do teísmo

implícita ou explícita se traduzem em dois principais modelos: a) o pantiteís-
mo emanatista da união divina impessoal, que vem de Cunha Seixas, Antero
de Quental, Sampaio Bruno, Teixeira de Pascoaes, Agostinho da Silva e Eudoro
-
nista da união divina pessoal, que vem de Silvestre Pinheiro Ferreira, Leonardo
Coimbra, António Dias de Magalhães e Afonso Botelho até Manuel Ferreira

No sentido de se evitar o dualismo gnóstico que contaminou o teísmo na
sua faceta pessimista da queda e redenção, este segundo modelo iniciou uma
recente terceira via centrada nas metafísicas da manifestação e do desenvol-

salvação universal ou espiritualização cósmica sem inferno eterno que já es-
tava presente no criacionismo leonardino. É nesta terceira via de uma metafí-
sica da saudade futurante, que nos situamos, sob o magistério franciscano de
Manuel Barbosa da Costa Freitas e Joaquim Cerqueira Gonçalves, na procura
de superação de todos os resquícios de maniqueísmo e gnosticismo presentes
ainda, quer no pantiteísmo da cisão e restauração, quer no criacionismo da
Metafísica y persona. Filosofía, conocimiento y vida
Año 14, Núm. 27, Enero-Junio, 2022, ISSN: 2007-9699
72
 -
duzir esta nova via, sem o monismo do panteísmo, sem a união impessoal
do pantiteísmo, sem o dualismo moderno do deísmo e sem o dualismo gnós-
tico e maniqueísta do teísmo tradicional mazdeísta-judaico-cristão. Talvez o

reconhecimento do carácter manifestativo e analógico da realidade na sua
participação divina, no reconhecimento de que o termo latino teísmo já tem
-
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Bibliograa
AA.VV., António Telmo e as Gerações Novas, Lisboa, Hugin, 2003.
, Metafísica, Braga: Livraria Cruz, 1956.
Obra Completa, tomo IV, Lisboa: Fundação
Calouste Gulbenkian, 2007.
Obra Completa, tomo IV, Lisboa:
Fundação Calouste Gulbenkian, 2007.
-
Obras Completas,
vol. VIII.
Obras Completas, vol. VIII, Lis-
boa: INCM, 2014.
/ / (Coordenação), Redenção e Escato-
logia: Estudos de Filosoa, Religião, Literatura e Arte na Cultura Portuguesa - Época
Contemporânea, vol. III, tomo 1, Lisboa: Universidade Católica Editora, 2018.
(coordenação), Redenção e Escatolo-
gia: Estudos de Filosoa, Religião, Literatura e Arte na Cultura Portuguesa - Época
Contemporânea, vol. III, tomo 2, Lisboa: Universidade Católica Editora, 2020.
, A Metafísica da Experiência em Leonardo Coimbra: Estudo sobre a
dialéctica criacionista da razão mistérica-
mentel, Lisboa: Universidade Católica Editora, 2012.
el, A Metafísica da Saudade em Leonardo Coimbra: Estudo sobre a Presen-
ça do Mistério e a redenção integral, prefácio de Maria Celeste Natário e Maria
de Lourdes Sirgado Ganho e posfácio de António Braz Teixeira, Lisboa: Uni-
versidade Católica Editora, 2013.
, Estudos Esotéricos – Submundo, Mundo, Supramundo, Livraria
Internacional de Ernesto Chardron, Casa Editora Lugan & Genelioux, Porto, 1889.
73
Os movimientos metafísicos da Filosoa Portuguesa Contemporânea
, O Ser e os Seres: Itinerários Filosócos, vol. I,
Lisboa: Editorial Verbo, 2004.
-
Lusitana Sacra, 2.ª série, 12, 2000, pp. 315-354.
    Dicionário de Filosoa Portuguesa, Lisboa:
Círculo de Leitores, 1990.
        
(1957). A ação do prof. Francisco José da Gama Caeiro na Faculdade de Letras de
 A presença 20 anos depois (Coord. de Maria

, A crise das ciências europeia e a fenomenologia transcendental
uma introdução à losoa fenomenológica, § 34, trad. Diogo Falcão Ferrer, Lisboa:

-
dade e Ser, in eFilo-
soa da Saudade, Lisboa: INCM, 1986.
 Introdução histórica à vidência do tempo e da morte, vol. I, Braga:
Livraria Cruz, 1969.

Estudos Filosócos, vol. I, Lisboa: INCM, 2002.

Estudos Filosócos, vol. I, Lisboa: INCM, 2002.

in História do Pensamento Filosóco Português
(Direção) Pedro Calafate, Lisboa: Caminho, 2000.

AA.W., História do Pensamento Português: O Século XX, direcção de Pedro Cala-
fate, V, 1, Lisboa, Editorial Caminho, 2000, pp. 55-102.
, Princípios Gerais de Filosoa e outras obras losócas,
Pref. de Eduardo de Abranches de Soveral, Lisboa: INCM, 1995.

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ncias
  , A Filosoa da Escola Bracarense, Braga: Universidade
Católica Portuguesa, 2010.

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Caminhos do Ser, Estudos dedicados ao Prof. Doutor Manuel Barbosa da Costa Frei-
tas, Lisboa: Universidade Católica Editora, 2003.
, Summa contra Gentiles, Madrid: BAC, 2007.