Fecha de recepción: 22/07/2022

Fecha de aceptación 16/06/2023

Araujo, M.M. de (2023). Educadores sociais:

práticas externas durante a pandemia

na Universidade Federal Fluminense.

Revista Practicum, 8(1), 87-102.

https://doi.org/10.24310/RevPracticumrep.v8i1.15166

Educadores sociais: práticas externas durante a pandemia na Universidade Federal Fluminense

Social educators: external practices during the pandemic at the Fluminense Federal University

Margareth Martins de Araujo

Universidade Federal Fluminense (Brasil)

margarethmartins@id.uff.br

Resumo

O presente artigo é fruto do um diálogo entre pesquisas e reflexões acumuladas na área da educação social, fundamentada na Pedagogia Social. Eis um texto como pretexto que apresenta e amplia a discussão sobre a função da universidade na formação teórico-prático do educador social em tempos pandêmicos; um processo de conhecer, enternecer e humanizar. Contêm concepções oriundas do exercício permanente da emancipação humana, educação como direito, pedagogia da convivência e cultura da paz. A atividade formativa dentro do programa de extensão PIPAS contempla um processo reflexivo ancorado nas práxis socioeducativa e sociocultural, nos quais os participantes são envolvidos em aprofundamento teórico e metodológico. A partir deste movimiento dinâmico e interativo que foi se fortalecendo pelos encontros via plataformas virtuais, promoveram as intervenções práticas dentro das realidades e demandas que se evidenciaram durante a pandemia. Ao final do texto apresentam-se as ações das quais os participantes foram protagonistas. O trabalho pratico aquí descrito tem origem no Projeto PIPAS na Universidade Federal Fluminense-RJ/Brasil.

Abstract

This article is the result of a dialogue between research and accumulated reflections in the area of social education, based on Social Pedagogy. Here is a text as a pretext that presents and expands the discussion on the role of the university in the theoretical-practical training of social educators in pandemic times; a process of knowing, tenderizing and humanizing. They contain conceptions arising from the permanent exercise of human emancipation, education as a right, pedagogy of coexistence and culture of peace. The training activity within the PIPAS extension program includes a reflective process anchored in socio-educational and socio-cultural praxis, in which participants are involved in theoretical and methodological deepening. From this dynamic and interactive movement that was strengthened by meetings via virtual platforms, they promoted practical interventions within the realities and demands that became evident during the pandemic. At the end of the text, the actions in which the participants were protagonists are presented. The practical work described here originates from the PIPAS Project at the Fluminense Federal University-RJ/Brazil.

Palavras-chave

Educadores, Pedagogia Social, emancipação humana, educação social, prática social.

Keywords

Educators, Social Pedagogy, human emancipation, social educacion, social practicum.

1. Introdução

“Nosso maior sonho é despertar a consciência das pessoas não só sobre a sofrência humana de crianças trabalhadoras, mas promover uma reflexão acerca de possíveis caminhos pedagógicos a serem trilhados por elas e seus professores, na tentativa de superar a situação em que se encontram e, principalmente, anunciar a fortaleza que é possível ser construída a partir de embates cotidianos pela sobrevivência.” (Araújo, 2015)

Trabalhar com Pedagogia Social é trabalho pelo e com os vulneráveis é compreendê-los como vítimas de um aparato social que os desqualifica. Sendo vistos a partir do que lhes falta, encontram-se sempre em desigualdade, são vistos por meio de uma pespectiva de menor valor, fato que produz a necessidade de um grande esforço para que possam ser vistos como de fato são: apenas diferentes, nem melhores e nem piores do que os demais. A mesma perspectiva é aplicada no que se refere à natureza, quando aplicada a visão hierarquizada e despontencializadora. Falamos sobre um paradigma que seleciona, agrupa e excluí, tudo o que vê e toca; um movimento que resultou, nos últimos anos, na aniquilação de gerações inteiras. Desprezo total pelo ser humano, pelo próximo, pelo planeta, nave- mãe, que a todos abriga território comum da humanidade. Sem ela, a espécie humana desaparece.

Trata-se de um proceso de coisificação da natureza interna e externa ao ser humano. O ser humano “coisificado” não conta, não é considerado pelas políticas públicas e vidas se esvaem. O mesmo principio se aplica à natureza, quando privatizam um bem que é coletivo; como por exemplo, o descarte de lixo no meio ambiente. Neste contexto é oportuno refletir sobre as práticas que vão constituindo a práxis no processo formativo durante a pandemia. Uma realidade que imprime a necessidade do uso da tecnología na dinâmica formativa.

1.1. A Educação Social e os questionamentos filosóficos da formação

“Pesquisa é vida! Para nós que somos da Pedagogia Social, essa afirmativa se concretiza a cada dia. Estar a serviço do outro, colocar-se em prol da humanidade, traz as ações de pesquisa a compreensão do quanto é difícil pesquisar sem o outro-creio ser impossível. Trata-se de, uma atitude arriscada, por colocar o pesquisador na roda, em meio ao fato, envolvido intensamente com o tema eleito. Como fazê-lo de forma diferente? É com o outro e pelo outro que corremos riscos ao tentar acertar. O que fazer se viver é um risco? E sendo pesquisa vida, então pesquisar também torna-se um ofício arriscado.” (Araújo,2020)

Algumas reflexões se apresentam como necessárias ao trabalhar com a formação de educadores sociais na perspectiva da superação, do crescimento pessoal, profissional e humano. A superação dos próprios limites, como base no seu sucesso, aponta para a compreensão da autoria de cada história de vida, através das escolhar realizadas e o aprofundamneto da visão da não vitimização. Todos sendo vistos como sujeitos de direitos exige uma ação formadora pautadas na troca, no respeito mútuo e ético, no convívio diário com o outro. Importa ressaltar que estes são conteúdo a serem apreendidos na e com a prática; na convivencia cotidiana, através da educação pelo exemplo e da valoração humana. São valores urgentes em nossa sociedade, independente do grau de vulnerabilidade e apontam para uma possível matriz formadora.

Essa postura fará com que o educador social escolar reflexivo tenha suas ações perfiladas com a de a outro paradigma, o da complexidade. Para Morin, “a complexidade é um tecido que (complexus: o que é tecido em conjunto) de constituintes heterogêneos inseparavelmente associados: coloca o paradoxo do uno e do múltiplo” (1990, pag.20). Afirma ainda o autor, “tratar-se de evitar a visão unidimensional, abstrata. Para isso, é preciso previamente tomar consciência da natureza e das consequências dos paradigmas que mutilam o conhecimento e desfiguram o real”. A formação do educador social imbuida desse principio promoverá o sucesso da escola. Sucesso da escola acarreta, consequentemente, o sucesso da nação. Importa considerar que, conteúdo e forma constituem parte importante do fazer pedagógico. Aquí fica evidente a consolidação de uma educação que, para além de pensa-se, se conhece como formada de múltiplas possibilidades.

Convidamos os educadores sociais a se renderem sempre ao aprendizado oriundo da prática. Aprendam com ela e sobre ela, os sujeitos que são seus frutos, para ajudá-los cada vez mais e melhor. Aprendizados advindos da prática, quando reflexionados, produzem frutos potentes. Não se trata apenas de um sonho, é algo que já se realiza nas figuras e ações de educadores sociais que, dentro ou fora da escola, aceitam o desafio de fazer e refazer, histórias e memórias de vulneráveis, construindo posibilidades de superação em momento de fragilidades humanas. Por causa dos desafios oriundos do seu fazer, aprenderam a se reinventar cotidianamente e projetam existências para o futuro. Aprenderam sobre a impermanência da vida e sua importância para uma sociedade que também pode se reinventar, visto que nada está pronto e acabado. Para o bem ou para o mal, eis a riqueza e a fragilidade da nossa presença no mundo.

Sempre é tempo de aprender, compreender a dinámica que se establece em cada situação e propor novas formas de ser e de estar educador. Para aqueles que pensam ser a formação algo pronto e acabado, fica a lição: ela é permanente e independe da querência do educador.

1.2. Sobre as práticas do caleidoscópio: Caminho percorrido

O real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia.” (João Guimarães Rosa)

A dedicação ao trabalho docente e a formação de educadores sociais fez com que novos aprendizados surgissem. Com eles e seus educandos aprendo sobre o exercício da docência, seus desafios, conquistas e possibilidades. Trata-se de uma travessia que se processa ao longo de três décadas ancorada na certeza crescente da busca de sentido do meu fazer. Sem eles não existo e, com eles, resignifico a minha existência. Perfilar-me a eles significa assumir suas histórias como minhas histórias, e com eles sentir o que sentem. Dentro desse paradigma, encontro a pesquisa a ser realizada com os sujeitos encarnados da história e suas memórias contribuem para um fazer com e não sobre. É no meio da travessia, atenta aos sinais e instigada pelos desafios, que busco colocar a questão a partir dos bancos da universidade.

Nossa questão temática é fortalecida a partir da necessidade de planejar um curso para educadores sociais. Aquilo que tinha todo o sentido, para os pares, não passava de mais um tema. Paulatinamente aprende-se sobre a necessidade de construir redes colaborativas de ação pedagógica social. Acolher outras áreas como: Economia, Psicologia, Serviço Social, Matemática, Letras, entre outras. Tornou-se um desafio colocar energia reflexiva na constituição de um quadro de docentes que dialogasse com o fazer multifacetado da Pedagogia Social, para com ela trabalhar nas práticas da educação social em diferentes realidades.

Como o caleidoscópio que, ao ser girado, constitui novas formas, desafios e possibilidades, precisa ser olhado e observado, a educação social se traduz em muitas portas de entrada, múltiplas configurações e inúmeras possibilidades de realização. Sua beleza, importância e singularidade a tornam cada vez mais atual e necessária, principalmente em um país como o nosso e um estado como o Rio de janeiro. O caleidoscópio sempre chamou atenção das pessoas ao redor do mundo por projetar novas formas e posibilidades de feitura de um mesmo fazer.

A educação articulada às práticas sociais há muito também chama a atenção das pessoas ao redor do mundo e guarda mais algumas semelhanças com o caleidoscópio. É preciso aproximar-se dela para com ela interagir, descobrir suas cores, contornos e possibilidades. Trata-se, também, de um reflexo das ações sociais advindas de propostas governamentais equivocadas que produzem cada vez mais pobres entre os pobres.

Nossas pesquisas apontam que nos dias atuais, assim como no caleidoscópio, distintas e múltiplas configurações se apresentam ao mesmo tempo, nos agrupamentos sociais. Trata-se de seres perdidos em sua humanidade, desqualificados em seus saberes e desacreditados em suas histórias. Crianças e jovens fruto de décadas de abandono. Gerações esquecidas, desconsideradas, aviltadas. Seres humanos relegados ao segundo plano, indignamente tratados, subjugados ao esquecimento. São três gerações de uma mesma família que passam suas vidas sem atendimento de suas necessidades básicas para uma sobrevivência digna.

As múltiplas configurações da educação social colocada em prática convocam a universidade a perfilar-se com suas demandas, ideais e reais necessidades. Invisibilizá-la, provocará, em médio prazo, certa ineficiência ao fazer acadêmico, desestimulando muitos educadores que nela buscam formação. O diálogo da universidade com a Pedagogia Social como fundamento na formação do educador social se faz necessário, inclusive, por questão de sobrevivência da própria universidade. Conforme já discutiu Perez-Serrano (2010), identificando a importância da Pedagogia Social como disciplina acadêmica.

Guardando certa coerência, no que se refere a uma das principais funções da universidade é possível afirmar a necessidade vital de voltar suas ações à formação de educadores socialmente comprometidos com a emancipação humana e colocar a serviço desse tema para contribuir efetiva e competentemente com ele. Não se ocupar dele significa estar a reboque da história e das urgentes demandas sociais da atualidade, pois no mundo inteiro, o movimento de educação popular existe há décadas e a Pedagogia Social nele tem sua origem.

O crescente empobrecimento das nações, do chamado bloco emergente, aponta de forma contundente para a reconfiguração do fazer da universidade no sentido de ampará-lo de forma teórico-prático, provocando reflexões e propondo ações pautadas pela ética, inclusão e cuidado com o outro, pela superação da pobreza e, principalmente, pela dignidade humana. Trata-se de uma revolução de valores, exigida pela atualidade, de forma a alinhar a universidade às reais necessidades humanas. Interessa a poucos.

Alinhar o fazer da universidade às reais necessidades da educação social é tarefa hercúlea; demanda tempo, cuidado e persistência. Ela não foi criada para isso. Precisará redefinir-se sobre outras bases políticas e ideológicas. Ela corre risco de vida. Como viver é arriscar-se contínua e multiplamente, vejo que o risco a integra e, portanto, existe. Sei ser tarefa para muitos e para um longo tempo, faz parte do sonho a ser construído pela utopia humana. O conceito freiriano de utopia nos remete à dialética entre o ato da denúncia do mundo que se desumaniza e o anúncio do mundo que se humaniza.

Araújo e Carvalho (2021) sinalizam: A ciência Social reconhece, no âmbito das intervenções sóciopedagógicas a produção de modelos explicativos para as ações humanas na esfera social, caracterizados por uma ação epistemológica que possa sistematizar métodos e técnicas que realmente intervenham na realidade, de modo a transformá-la. Assim faz sentido fazer educação social em contextos de emergências como parte da utopia humana, nos resgata e constitui.

Nossa proposta é a de um permanente diálogo e equilíbrio entre os neurônios cardíacos e cerebrais. Isso mesmo, em 27/05/2020, na revista Science, demonstrou em 3D um mapeamento do coração. Rajanikanth Vadigepalli, um dos autores do trabalho, afirma que ter o coração um “mini-cérebro.” Enquanto educadores sociais vemo-nos desafiados a exercitar uma proposta pedagógica capaz de explicitar o dito por Vadigepalli. Observemos Coelho (2019), ao trabalhar com Batalhas de Rimas, retirando jovens do autofragelo, drogas e suicídio, apontar que empatia e transversalidade são partes do paradigma emergente da pós-modernidade, oriundos do campo da emoção. Importa ressaltar a percepção de Einstein (1981) que muito corrobora com nossas reflexões ao afirmar: aquilo que considero verdadeiramente valioso na engrenagem da humanidade não é o Estado, mas sim o indivíduo criador e emotivo, a personalidade: só ela é capaz de criar aquilo que é nobre e sublime.

Prigogine (1996) afirma A ciência é um empreendimento coletivo. Solução de um problema científico deve, ser aceita, satisfazer exigências e critérios rigorosos. No entanto, esses constrangimentos não eliminam a criatividade, são desafios para ela. Em plena pandemia, o Grupo de Pesquisa, Ensino e Extensão em Pedagogia Social para o Século XXI - Projeto PIPAS-UFF - ofertou à sociedade, dez horas diárias de plantão realizando acolhimento, escuta e orientação; com mais de 500 pessoas atendidas. Esse trabalho ficou conhecido como CONECTADOS (Pedagogos Sociais Conectados). Um espaço virtual que veio a se transformar em espaço também de pesquisa. Uma das maiores descobertas foi à importância de passarmos juntos os momentos de extrema vulnerabilidade. O atendimento foi organizado utilizando-se de instrumentos como o telefone celular e o computador instalado nos laboratórios de informática da universidade. As ferramentas tecnológicas mais usadas foram as redes sociais como o whatsApp e o instagram. As plataformas interativas como o googlemeet e o youtube trouxeram várias posibilidades de participação em atividades diversificadas como a produção de vídeos sobre a realidade onde cada sujeito se insere dentro das suas comunidades.

A pandemia trouxe uma possibilidade de reflexão sobre o processo de descoberta, movimento do qual se processa o olhar sensível para o outro. Como fazer o outro sonhar o seu sonho para com ele trabalhar? Para com ele emancipar-se ao emancipar? Como caminhar na compreensão do autoconhecimento como ferramenta de entendimento, de compreensão do outro e do mundo? Como tornar perceptível a compreensão de que tudo está interligado? Como fazer esta compreensão adentrar aos currículos e modificar a face da escola, da sociedade e do mundo? Em busca dessas e de outras tantas respostas, persisto embalada pela utopia possível de ajudar na construção de um mundo no qual gostaria de ver crescer meu filho e netos. É tarefa para agora, hoje, já! Freire (2007) nos dá algumas pista e, em especial dizer que não há para mim, na diferença e na “distância” entre a ingenuidade e a curiosidade, entre o saber de pura experiência feito e o que resulta dos procedimentos metodologicamenterigorosos, uma ruptura, mas uma superação.

Girando o caleidoscópio para que lado for, é possível vislumbrar as cores e a beleza, as formas e as condições em que, os vulneráveis, suas famílias e escolas se encontram. Salta aos nossos olhos a necessidade de alguém se responsabilizar por essa parcela da população brasileira, interagir com ela, aceitar seus desafios e chamar para si a tarefa de enfrentar coletivamente a demanda crescente que se impõe diariamente. Assim se processa o olhar do educador social que percebe essas realidades e neste contexto promove insurgências educacionais que revelem possibilidades de superação dos obstáculos pelos próprios educandos.

O caleidoscópio com suas múltiplas configurações nos exortam a avançar, para a superação do estado de esquecimento em que se encontram os excluídos. Trabalhar pela construção de novos padrões de existência, marcados pela dignidade, humanidade e eticidade, certamente é um caminho possível de ser trilhado, por aqueles que se colocam a serviço de novas formas e cores que se revelam no caleidoscópio da vida social brasileira. E mais uma vez com Freire (1982), afirmo: educação é política, pois é nela e com ela que exercemos a não neutralidade em nossas ações; de dato temos uma inteção ao propor os CONECTADOS como atividade no período pandêmico.

1.2.1. Descobrindo posibilidades e alternativas

“Um pouco por todo o lado a universidade confronta-se com uma situação complexa: são lhes feitas exigências cada vez maiores por parte da sociedade ao mesmo tempo em que se tornam cada vez mais restritivas as políticas de financiamento das atividades por parte do Estado. Duplamente desafiada pela sociedade e pelo Estado, a universidade não parece preparada para defrontar os desafios, tanto mais que estes apontam para transformações profundas e não para simples reformas parcelares. Aliás, tal impreparação, mais do que conjuntural, parece ser estrutural, na medida em que a perenidade da instituição universitária, sobretudo no mundo ocidental, está associada à rigidez funcional e organizacional à relativa impermeabilidade às pressões externas, enfim, à aversão à mudança.” (Boaventura de Souza Santos, 2020)

Busco compreender por que a formação permanente do educador social ainda se constitui um desafio à universidade? Eis a questão temática que nos acompanha ao longo desse trabalho que, de acordo com o exposto até aqui, nos revela algumas pistas possíveis de serem seguidas na tentativa de compreender a dinâmica que a constitui. Por mais multicausal que uma questão possa ser, alguns aspectos de sua configuração são passíveis de compreensão. Passemos a alguns deles na tentativa de revelar, como um jogo de múltiplas configurações, o não percebido a olho nu.

O caleidoscópio é um instrumento ótico que produz conhecimento, vislumbra o não visto e ao mesmo tempo, oculta aquilo que não é perceptível. Cabe perfeitamente nas formas perceptivas da compreensão da realidade, via teoria da complexidade, ao afirmar que complexo é tudo o que se tece junto (Morin, 1990). Aqui sinalizamos nossa compreensão da teoria como lentes, que ajustadas permitem melhor compreensão do que se passa Araújo (1993). A percepção do pesquisado será sempre fruto do inacabamento, por esse motivo, abraçamos o devir humano com importante conceito em nosso trabalho.

Com percepção inspirada no caleidoscópio, mote do presente estudo, busca-se elucidar os achados da pesquisa envoltos nas múltiplas configurações e possibilidades de interpretá-los. Tal complexidade exige do pesquisador municiar-se de cabedal teórico-prático capaz de flexibilizar o olhar sobre a universidade e interpretá-la. Somos fruto do nosso tempo e com ele e a partir dele renovamos nossas forças para ressignificar o nosso saber-fazer. Indubitavelmente, a educação desafia a universidade na raiz de sua existência. Cria demandas jamais vistas e as coloca em xeque fazendo com que teoria e prática coabitem permanentemente no espaço acadêmico. A prática da educação social revoluciona o fazer docente, ampliando seu espaço de ação e exigindo novas produções teóricas que com ela dialoguem. Longe de ser algo pernicioso para a universidade, ela se faz presente como uma das mais fortes demandas sociais, por estar inclusa na agenda mundial dos direitos humanos.

Educação como direito se constitui em um dos pilares humanizatórios que bate à porta da universidade exigindo ser colocada em seu real lugar e verdadeiramente valorada. O direito dos excluídos à educação multicultural, complexa e dialógica, nos dias atuais, uma exigência da população marcada por muitas décadas de pouco ou quase nenhum sucesso. Por esse motivo, abraçamos ao longo dos anos e, em especial durante a pandemia, o conceito de justiça pedagógica como direito de todos os fadados ao insucesso no mundo da escola que, nem sempre o é na vida. Fora dos muros da escola sabem e fazem coisas, eis o nosso interesse: o que fazem e o que sabem? De posse desse saber-fazer, reorientar nossos currículos para que obtenham sucesso. Em tempos pandêmicos aprendemos a considerar cada vez mais tal universo. Com Morin (2021) em seu livro- É hora de mudarmos de Via: As lições do coronavírus, prosseguimos nossas reflexões, quando o autor francês nos traz uma visão de esperança, que inclui correr riscos e o imprevisto: Esperança não é certeza, traz consciência dos perigos e das ameaças, mas nos faz tomar partido e fazer apostas, como foi no caso dos CONECTADOS.

Hoje, a maior parte dos alunos das escolas públicas está em situação de vulnerabilidade, seus familiares, professores e escolas também. Trata-se de uma situação de sobrevivência na qual a universidade pode desempenhar um papel preponderante ao formar educadores sociais. Vemos a escola da atualidade como integrante do ministério da defesa do nosso país. Logo, uma escola fraca, um país fraco. Fortalecer a escola e demais espaços educativos e, consequentemente o nosso país, significa ter os achados da Pedagogia Social como fonte inspiradora de um fazer emancipador capaz de ajudar a tirar do estado de indigência populações inteiras. Ou melhor, gerações inteiras.

Entendemos por vulnerabilidade, questões limites advindas do sofrimento humano, sejam de ordem ecológica, ética, econômica, política, pessoal ou social. Ela agrupa as vítimas do flagelo humano e não faz distinção entre os homens. É produzida a partir de ações equivocadas por parte dos que detêm o poder sobre os demais. É originária de um paradigma que concebe e naturaliza a exclusão, e atinge todas as áreas de formação. Deixa um lastro de destruição por onde passa, destruindo pessoas, sonhos e vidas vivendo às margens dos direitos humanos.

Quem disse que a Pedagogia Social é uma pedagogia voltada apenas para os socialmente excluídos? Ledo engano. Conforme Caliman (2011), Orzechowski (2017, 2018 e 2019), Caride (2005) e Cuadrado & Roldan (2019) elaboraram artigos identificando as possibilidades de intervenções socioeducativas em contextos sociais diversificados, existem diferentes oportunidades. Com seu arcabouço teórico mundialmente conhecido, se constitui, no panorama educacional brasileiro, como fonte teórico-reflexivo para a educação em geral em diferentes camadas sociais e de status quo desigual. Olhando mais atentamente para tudo ao que o povo brasileiro está exposto é possível afirmar que, de uma forma ou de outra, todos estamos expostos a algum tipo de vulnerabilidade. E os educadores sociais da escola e de outros espaços educativos receberão educandos e suas famílias também em situação de vulnerabilidade. Para que os processos educacionais e educativos não contribuam a manutenção da vulnerabilidade, existe a necessidade de educadores sociais comprometidos com a aprendizagem dos seus educandos para emancipação humana.

A Pedagogia Social se transforma na pedagogia necessária à todos e a cada um. É a pedagogia da superação, do acolhimento e da subversão. Ao trabalhar em contextos de emergência, a Pedagogia Social se fortalece como opção curricular, metodológica e avaliativa. Por processar-se em contextos de vulnerabilidade, exige práticas de aceitação, ética e respeito aos saberes e às múltiplas lógicas existentes no cenário educacional. É possível ensinar, ao considerar que podem superar seus limites, apesar dos sofrimentos. Uma das maiores habilidades a ser desenvolvida pelo educador social passa pela aceitação dos educandos em sua legitimidade.

Ao olhar atentamente para a escola ou para espaços de educação social, é possível perceber que a humanização, teórico-prático faz parte do perfil do educador social, seja ele escolar ou não. Fica claro que nem todos os educadores conseguem com a Pedagogia Social trabalhar. Há de se ter disponibilidade interna para fazê-lo, gostar de gente e de com ela e suas questões se envolver. Para Goleman (1995), “a inteligência emocional se constitui na mais difícil de ser desenvolvida”. Ela se constitui como base da ação da Pedagogia Social. Trabalhar com o ser humano em sofrimento, compreendê-lo para com ele trabalhar através da Pedagogia Social, nos indica o quanto o educador social precisa estar desprovido de conceitos e preconceitos, precisa estar aberto ao outro com suas histórias e memórias, aprender com ele sobre ele para a ele ensinar.

A competência técnica e o compromisso político constituem mais um espaço de suma importância para a formação do educador social, independente do campo de atuação. Para além de uma excelente formação teoria e prática, de posse do exercício reflexivo do seu saber-fazer e consciente do seu papel perante a sociedade e o mundo, o educador social envolvido seriamente com o seu fazer compreende a importância da sua formação permanente para que competentemente desenvolva seu trabalho a partir do seu compromisso político. Daí a importância na apropriação de novos instrumentos didáticos que garantam o uso competente de ferramentas nas práticas da educação social.

Durante a pandemia, o projeto “Pedagogos conectados: projetos de futuro à humanidade” nos possibilitou o uso adequado de instrumentos e ferramentas tecnológicas para o atendimento aos estudantes das diversas licenciaturas e bacharelados ofertados. A demanda criada para a universidade a partir desse princípio se constitui em formar educadores com compromisso social, alinhado às exigências do contexto educacional brasileiro e, que se sinta afinado para nele trabalhar a partir de uma perspectiva emancipadora. Trabalhar com Pedagogia Social é, antes de tudo, uma militância política que precisa ser desvelada já nos bancos das universidades. A universidade precisa deixar claro para os educandos a importância da educação social como militância, como teor revolucionário como alternativa de múltiplas superações.

Trata-se de uma prática pedagógica como resistência política, como prática emancipadora, como educação sustentável. Uma pedagogia que compreende os atores sociais da educação como parte do meio ambiente, a ele integrado e, portanto, consciente do seu papel nesse contexto, que produza, a partir de suas ações, de cuidado e o respeito as formas de vida nela existentes. Trata-se da pedagogia da consciência, através da qual, relações mais éticas e humanas surgirão e farão parte do currículo universitário trazendo ao mesmo um novo sentido. Afirmo ser na formação do educador, na universidade, que tais valores precisam ser cultivados e amplamente divulgados. Jamais na História da Humanidade se fez tão necessária tal visão na formação do educador, como agora. O Planeta fenece e com ele todas as formas de vida. Querem salvar o planeta? Salve o ser humano.

A compreensão da complexidade das inúmeras formas de vida existentes no planeta auxilia ao educador social a compreender como mais um ser entre os demais, com singularidades a serem exercidas em relação ao outro e a si. Estamos falando de outra forma de ver e estar no mundo. Senti-lo e dele fazer parte, sem invasão, destruição ou afronta. Apenas convivendo dialogicamente com quem e com o que nos cerca. Isso gera outra humanidade, uma humanidade capaz de produzir a paz. A Pedagogia Social é a pedagogia da paz entre os homens e da busca permanente por relações mais éticas, humanas e felizes. Através dessa perspectiva, ser educador universitário, ganha outro sentido, se reveste de outro significado, ganha novas formas. Basta girar o caleidoscópio mais uma vez para que novas formações apareçam mais belas, mais coerentes e producentes. De mãos dadas com a ousadia vem à capacidade de aprender com a prática o como fazer.

Propiciar a Pedagogia Social, longe ser desafio de fácil solução, exige de nós o exercício permanente do diálogo, da escuta e da troca em prol de um projeto que une o fazer e o pensar de todos. É tarefa para muitos e desafios para todos. Toda esta concepção pedagógica tem em Paulo Freire (1982) princípios que, ao longo de várias décadas se transformaram em vertentes da Pedagogia Social, são eles: inacabamento, educação e política e amorosidade. Estes principios são responsáveis por partejar o conceito de justiça pedagógica e nos fazer compreender que, o fracasso histórico dos vulneráveis, nem sempre tem origem na cognição. É uma pedagogia que se ocupa com a vida, principalmente quando ameaçada pela negação de alguns dos seus direitos. Por compreendermos a educação como um direito, quaisquer pessoas, em processo formal ou informal de aprendizagem, estará em risco e por isso lutamos para que aprendam sempre. Assim o compreendemos por perceber que um povo sem acesso ao ensino tem seu futuro ameaçado. O descaso para com a educação é sinônimo de descaso para com o país.

Diante destas realidades nasce o projeto de extensão PIPAS, o qual a duas décadas forma educadores de vulneráveis. O projeto é ofertado aos educadores que já estão inseridos em projetos e programas sociais ou que desejem aprofundar estudos na área da Pedagogia social com atuação na educação social. Com página na internet www.projetopipas.uff.br, Revista de Pedagogia Social da UFF (RPS-UFF) e Coleção de pedagogía social (livros físicos), divulga e socializa suas investigações e busca divulgar suas ações. O curso de extensão também tem por objetivo certificar a população para a consecução de trabalho nas esferas públicas e privadas. Com uma carga horária total de 110 horas, já formou 9 mil Educadores sociais. Ao logo dos anos, o projeto teve a honra de participar da formação de cerca de 30 sensíveis professores universitários sociais que, com suas expertises trouxeram importantes contribuições ao curso e, levaram a nossa metodogia de trabalho para suas instituições, criando projetos coirmãos aos nosso, deslumbrando mais uma face inusitada do projeto. Hoje fazemos parte de uma constelação de universidades espalhadas pelo Brasil que, trabalham em prol da educação social. Uma honra para nós.

Nesta última edição do projeto de extensão, em plena pandemia do corona-virus, a turma conta com 350 cursistas de diversos níveis de formação (professores, psicólogos, assistentes sociais, historiadores, geógrafos, cientistas sociais, advogados, jornalistas, engenheiros, enfermeiros, dentistas, médicos, militares, empresários, etc.). Aqui duas importantes dimensões se apresentam. A multiplicidade de formação, níveis e idades dos integrantes da turma, traz consigo a riqueza desafiadora de se trabalhar com a complexidade de textos e contextos de emergencias: Dimensão Pedagógica, fato que traz riqueza ao curso e, se traduz, também, em conteúdo da Pedagogia Social. Importa ressaltar que, cada ação sócio-pedagógica raramente finda com o término do curso: Dimensão Social, pois os laços pedagógicos e sociais advindos da convivência, são para além da temporalidade acadêmica, rendem frutos por anos, sobrevivendo inclusive com a liderança daqueles que outrora eram o foco dos projetos. Permanecem na face social dos municípios, sob nossa consultoria e são chamados: “Fazer o bem sem olhar a quem”: o belo, o bom e o bem espalhados socialmente pela vida e na vida! Mais uma face do projeto agora se apresenta: a de formação de líderes para a continudadade das ações. Freire (1987) nutre a perspectiva da formação associada ao ato de ensinar ao nos fala que o processo de ensinar envolve a “paixão de conhecer” que nos insere numa busca prazerosa – ainda que nada fácil.

Muitas ações sócio-pedagógicas foram desenvolvidas pelos participantes, as quais destacamos no quadro a seguir:

Tabela 1. Áreas atendidas pelas ações do projeto pedagogos sociais conectados.

AREAS ATENDIDAS

PROJETOS EM AÇÃO

COORDENADOR

DO PROJETO

AÇÕES DESENVOLVIDAS

OBJETIVOS DO PROJETO

LOCAL DAS

AÇÕES

ESCOLAR

103

Equipe do Projeto PIPAS-UFF

Contação de história

Trabalhar o gosto por ouvir e contar histórias.

Escolas dos doze municipios atendidos.

ONGS

08

Equipe do Projeto PIPAS-UFF

Formação de quadros

Formação para o trabalho em ONG.

Municípios atendidos.

PROJETOS

SOCIOCOMUNITÁRIOS

182

Equipe do Projeto PIPAS-UFF

Reforço escolar

Auxiliar na aquisição dos conteúdos.

São 10 comunidades atendidas.

PROJETOS

SOCICULTURAIS

20

Equipe do Projeto PIPAS-UFF

Batahlhas de Rimas, freestyle e Dança de Rua

Trabalhar a identidade, altredade por meio da convivêmcia, da ética e do respeito.

Três municícios atendidos.

PROJETOS SOCIOEDUCATIVOS

32

Equipe do Projeto PIPAS-UFF

Alfabetização multidade

Alfabetizar os analfabetos das comunidades. Objetivando a continuidade aos estudos.

São 10 comunidades atendidas.

PROJETOS UNIVERSITÁRIOS

05

Equipe do Projeto PIPAS-UFF

Criação de novos Cursos de Extensão

Ampliar a metodología formadora do Projeto PIPAS-UFF.

Universidades de origem de cada profesor universitário social.

Fonte: Coordenação Projeto Pipas da Universidade Federal Fluminense

O período pandêmico impôs uma dinâmica didática diferenciada ao curso provocou mudanças e nos fez lembrar de Freire(1989), ao discutir o homem novo, a mulher nova e a educação: Uma das qualidades mais importantes do homem novo e da mulher nova é a certeza de que têm de que não podem parar de caminhar e a certeza de que cedo o novo fica velho se não se renovar. Sim, e como ele tinha razão...

A turma presencial passoua a ser virtual, migrou para um grupo de whastApp, onde as interações se deram, com postagens de atividades, artigos, orientações dos portifólios e reuniões formadoras. Foi tirar do nada o infinito: turmas virtuais como forma de resistência-sobrevivência. Os encontros permaneceram na quarta quinta-feira de cada mês, às 14h como de praxe. Passamos a postar as atividades seguindo o fluxo da rotina dos anos anteriores. Alterou pouco a rotina de todos, pois o cronograma se cumpria e os sistemas de acompanhamento eram ativados. Com reuniões pelo meet, as Rodas de Conversa deram corporeidade à teoria estudada e os encontros reflexivos se deram de forma pulsante. As atividades avaliativas foram realizadas da mesma forma, inclusive um dos pontos altos do curso, as apresentações dos portifólios para as bancas previamente agendadas e compostas pelos professores-pesquisadores, integrantes do Grupo de Pesquisa. Um pacto sócio-pedagógico instaurado sob os auspícios da Pedagogia Social, entrelaçado com o compromisso político e a competência técnica entre educadores e educandos. Como nos diz o saudoso Freire: uma boniteza só.

Considerações Finais

“Esses acontecimentos perturbadores me transformam e formam.” (Edgar Morin)

No século XXI uma educação social do seu tempo, centrada no tempo presente, nas demandas sociais da atualidade. São meios fortes, reflexivos, potencializadores; vetores de esperança e paz. Aprendemos que tempos pandêmicos também são tempos de enternecimento. Tornar-se terno é um processo possível aos adeptos da Pedagogia Social. Ciência e consciência caminham juntas, precisam ser consideradas e estimuladas em textos e contextos de emergências.

Compreendemos ser um desafio muito grande, pensar e fazer a universidade a partir dessa compreensão, mas de outra forma perde o sentido. De que vale o conhecimento se não estiver atrelado à emancipação humana, à produção de humanidade e ao resgate da vida? E todas essas possibilidades vão se desenvolvendo dentro de contextos diferentes aonde a prática de formação entre os educadores sociais vai se integrando ao desenvolvimento das novas tecnologias. O praticum entre as práticas exercidas pela universidade perpassam as demandas soioeducacionais e socioeducativas de cada sociedade. Assim, um novo projeto civilizatório que pode se dá por meio da reflexão sobre a formação de educadores sociais, imprima no fazer pedagógico social os fundamentos da Pedagogia Social. O educador social é, antes de tudo, um ousado. Arrojado em suas ações e ancorado em suas percepções. Ele segue em busca da educação adequada aos vulneráveis e transgride o instituído ao buscar formação na universidade, ao colocá-la na roda, no olho do furacão, no centro das reflexões sobre novas formas de ser e estar no mundo, convocando-o a agir pela esperança e a responsabilizar-se por esse processo.

Quanto aos cursistas, independente do curso que realizam, é possível afirmar que o Curso de Extensão em Pedagogia Social Para o Século XXI, produz marcas formativas de amor ao magistério pelo viés da Pedagogia Social. Trata-se de um impacto importante na formação dos cursistas, com sementes plantadas e germinadas em artigos, monografias, dissertações, teses e livros. São cidadãos que ocupam as mais diversas frentes profissionais nos municípios atendidos, produzem políticas públicas em áreas como educação, serviço social e direitos humanos. Em duas décadas de existência, o Projeto PIPAS-UFF integra também outro projeto multiformador: Caminhos da Educação, no qual atual com cursos de várias áreas, como direito, medicina, engenharia, psicologia, enfermagem, artes, jornalismo, entre outros; prova viva de que a formação de profissionais sociais é um passo importante para a emancipação sócio-humana. Uma não se dá sem a outra.

É possível afirmar ser a Pedagogia Social, é uma concepção teórico-pedagógica a ser pesquisada na e com a universidade, quando concebida como teórico-prático, pois corporiza e agrega à formação de educadores como um valioso serviço a ser prestado à população. Ela se constitui em uma importante oportunidade de intervir no mundo. Não se pode, enquanto universidade, abri mão da riqueza existente na formação docente a partir da ótica da Pedagogia Social. É urgente que a universidade dela se ocupe para com ela e para ela trabalhar.

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